segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Emburrecimento explícito

Não é de hoje que a TV brasileira (e até mundial) bombardeia o público com bizarrices dignas da pior nota possível e que remetem aos shows de horrores (freak shows) comuns no século XIX na Europa. De gafes ao vivo em programas de auditório e telejornais a refeições esdrúxulas em reality shows de resistência física e psicológica, já vimos de tudo. Até mesmo cenas tórridas de sexo embaixo de edredom. Muito me espanta mesmo a “comoção” nacional que se deu com o suposto estupro na atual edição do BBB.

Ora, somos um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza! Somos um povo alegre, descontraído, trabalhador sim, mas que não dispensa uma boa festa! Mas para tudo tem limite. Ou será que não? Esse episódio mostrou que sim, ou pelo menos que aparentemente não somos tão liberais e até libertinos como costumamos nós mesmos pensar a nosso respeito.  O povo perdoa e até aplaude uma cena mais caliente mostrada na TV (ainda mais “sem roteiro”, como a produção gosta de afirmar), mas não um estupro (ou intenção de). Se é que houve! A possível vítima já disse que não, mas o boi-de-piranha foi expulso do programa, mesmo alegando inocência, por mal comportamento. E se ambos são inocentes, por que  também não expulsar a “vítima”?! Bem, isso foi uma decisão de Boninho e companhia, não podemos, aliás, não posso e nem quero conjecturar sobre isso; não é um programa que aprovo muito menos que assisto. Graças a Deus tenho TV por assinatura e um mínimo de consciência e nível cultural para mudar de canal ou até mesmo desligar a televisão. Mas o fato é que sim, o BBB (e afins) é um programa como outro qualquer na TV, com produção, roteiro (sim, roteiro!) e direção. O elenco é escolhido a dedo (a produção até que enfim parou com a falsa inscrição de candidatos) e trancafiado num reduto de culto ao corpo com álcool liberado. Condições, pois, propensas para o circo pegar fogo. Se toda essa polêmica a cerca do pretenso estupro foi previamente combinada com os participantes (e olha que o programa mal começou; não se sabe o que virá por ai!) eu não sei, mas dois participantes pediram para sair antes do show de horrores começar. Há algo de podre no ar, só não sente o cheiro quem não quer, não é mesmo?

Precisava da capa?
O fato é que, falso ou não, combinado ou espontâneo, o episódio ganhou as redes sociais Brasil afora e transpassou a fronteira da internet, chegando as mídias impressas e telejornais de todas as emissoras. Não se falou em outra coisa. Até eu estou aqui falando sobre isso! Até a toda poderosa VEJA se rendeu ao fato e dedicou a capa dessa semana a uma reportagem sobre os limites desse tipo de entretenimento (ainda que na mesma edição houvesse reportagens muito mais interessantes e merecedoras desse destaque). E quem ganhou com isso? A Rede Globo. Mesmo sofrendo reveses (ao que parece até patrocinadores do programa estão com o pé atrás agora), não se pode negar que toda essa (má) publicidade faz bem ao ego dos produtores e do diretor, Boninho, que galopam na popularidade do programa, refletida em sua audiência.  Quem perde com isso, claro, somos nós, apreciadores de cultura, que sim, pode ser alcançada através da TV (até mesmo na própria Globo, que nos brindou há duas semanas com a minissérie sobre a vida de Dercy Gonçalves). 

Com isso, eu só consigo ter pena do povo que não tem educação nem opção e é alimentado com isso.  E coitada da Luiza, que voltou do Canadá para dar de frente com essa baixaria.

3 comentários:

  1. Li tantos textos de gente inteligente sobre o Big Brother e todos são a mesma ladainha pouco original sobre o quão ruim é, como é o sinal do apocalipse e blá blá blá. O seu texto é mais interessante ao propor essa teoria de que a estória do estupro possa ter sido fabricada. Gostei! ;-)

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  2. Pois é, Carol, tentei fugir do lugar comum (embora ache que nem tenha conseguido). A tal teoria de que tudo foi armado é mesmo apenas uma teoria, então não dá para falar muito, pois seria pura especulação...

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  3. O qu eeu pebso sobre o caso é que foi sacanagem consentida de ambos os lados . Alias , a moça é mais safada que o cara , ela mesmo confessou ter colocado a mão naquilo , e ele colocado naquela ...
    Esse tipo de situação acontece todo dia nas baladas da vida , essas meninas de hoje não se dão o respeito , é só ver o que acontece nesses lixos de baile funk por ai .

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