segunda-feira, 14 de maio de 2012

Programa (muito bom) de índio!


Cansado do seu cotidiano? Cansado de acordar cedo e enfrentar essa selva urbana diariamente? Cansado da cidade grande e seus estresses? O que você faria então para se livrar disso tudo e viver a aventura de sua vida? Bem, certamente muita gente pararia na terceira pergunta e continuaria suas lamúrias até o fim de seus dias, ou no máximo tiraria um fim-de-semana num hotel-fazenda. Pois graças a Deus existem pessoas que não se limitam a isso ou, quando muito, bradam que natureza só no Discovery Channel ou no Naticonal Geoagrific Channel. Existem pessoas que estão dispostas a jogar tudo para o alto e sim viver a grande aventura de sua vida e, de quebra, expandir as fronteiras do país, desbravar seus sertões e matas e lutar pela preservação da natureza e tudo o que ela agrega e representa. São pessoas como essas que o filme XINGU, de Cao Hamburger, nos apresenta; mais especificamente os irmãos Villas Boas, que deixaram o conforto da civilização, fizeram-se de analfabetos e embarcaram na expedição Roncador-Xingu como os grandes bandeirantes do século XX.

Claudio, Orlando e Leonardo Villa Boas, interpretados respectivamente por João Miguel (sempre excelente), Felipe Camargo (boa surpresa!) e Caio Blat (igualmente competente), foram muito importantes não só para o avanço e conquista do território nacional, quanto para a preservação da natureza e da cultura indígena do interior brasileiro, culminando com a criação do Parque Nacional do Xingu, área demarcada durante o governo militar onde se encontram diversas tribos indígenas que, mal ou bem, têm sua terra e seus costumes preservados (na medida que o mundo moderno permite, claro).

Cao Hambuger, cujo excelente filme anterior O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS (2006) mostrava o amadurecimento do próprio diretor (advindo de séries infantis para a TV) enquanto contava a história do amadurecimento do jovem Mauro durante a ditadura militar, presenteia os fãs de aventura e humanismo com um filme correto e digno doas mais sinceros elogios. A bela fotografia de Adriano Goldman pode parecer exagerada e até falsa para aqueles que conhecem a fundo as paisagens e texturas do Xingu, e o roteiro assinado pelo próprio Cao em parceira com Helena Soares e Anna Muylaert pode soar piegas em certas passagens, como a do desespero perante o surto de gripe que dizima metade da primeira tribo que os Villas-Boas encontraram, mas, mesmo sendo livremente baseado em  fatos reais, como consta nos créditos iniciais, é uma ode ao espírito aventureiro, sertanista e humano dos Villas Boas e certamente é uma ode ao seu legado.

Primeiro índio Paraná fotografado pela equipe dos Villas Boas.

Os irmão Villas Boas.

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