terça-feira, 15 de abril de 2014

Bonitinho e desnecessário


Hollywood tem uma necessidade intrínseca de aproveitar o sucesso de um blockbuster e estica-lo ao máximo, seja em derivados marketeiros (action figures, brinquedos, etc.), seja principalmente com continuações desnecessárias. Esse é o caso do bonitinho e totalmente desnecessário - não obstante previsível - Rio 2, do mesmo diretor Carlos Saldanha.  Se no primeiro - e bem original - filme tivemos uma linda homenagem à Cidade Maravilhosa, num tom extravagante e explicitamente propagandista, nesse segundo já não há essa necessidade, tanto que a cidade é relegada a mero ponto de partida para as aventuras de Blu, Jade e família (3 filhotes fofíssimos e tão humanizados quanto o pai), além dos amigos Rafael, Pedro e Tuco rumo a floresta amazônica, onde os amigos humanos Tulio (Rodrigo Santoro) e Linda descobriram um santuário repleto de ararinhas azuis (anteriormente dadas como extintas).

Os vilões da vez são madeireiros, ávidos por destruir a floresta em busca de lucro, ameaçando o santuário da família de Jade, mas o que poderia ser uma valorosa lição de ambientalismo se torna um vergonhoso desperdício de conflito, já que os vilões são não tem o mesmo apelo, até cômico, que os do primeiro filme. Até a cacatua Nigel, agora impossibilitada de voar devido ao “acidente” que sofreu no final do primeiro filme, está mais caricata do que nunca em busca de sua vingança enlouquecida e sem sentido contra a arara Blu, não obstante sua performance de “I will survive” no “Amazonas Idol” organizado pelos passarinhos Tuco e Pedro em busca do novo talento para o carnaval, seja o ponto alto dos números musicais (exagerados).

O roteiro desta sequência é muito fraco, aparentemente escrito às pressas para engatar a produção. O conflito de Blu com Eduardo, o pai de Jade e, a arara galã Roberto, é uma sequência de clichês  pouco aproveitados e que muito lembra Ben Stiler contra Robert de Niro em “Entrando numa fria”. A luta das aves e outros animais da floresta contra os madeireiros no final é uma versão reduzida da batalha de Pandora, quando os Na’Vi se levantaram contra o “povo do céu” que invadiu seu planeta em "Avatar".

Tirando o espetáculo visual da dança das aves (uma clara e belíssima homenagem aos balés aquáticos de Esther Williams) e de todo o verde da Amazônia, Rio 2 agrada muito aos pimpolhos, mas é quase um estorvo de 1h40 para os pais. Uma pena.

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